Domingo, 19 de Janeiro de 2020

O discurso da derrota

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Filiei-me no PSD na semana a seguir às eleições legislativas de Outubro de 2015, quando percebi que não havia meios constitucionais para impedir a formação de um governo sustentado parlamentarmente numa frente de esquerda radical, mesmo que o presidente da república se opusesse, como opôs sem procurar disfarçar a oposição a coberto da equidistância a que se encontrava obrigado, a essa reviravolta constitucional inédita ao resultado das eleições.

E filiei-me para me colocar ao serviço do PSD no combate pelo projecto político que estava a travar e pelo qual eu combatia a título individual e autónomo com os meios que tinha disponíveis como frequentador das redes sociais, o projecto de libertar o país do peso excessivo do Estado que o imobiliza e sufoca e em inúmeras situações condena à mediocridade, uma mediocridade que chega a matar, de viabilizar um Estado Social solidário sustentado em critérios de eficiência económica que lhe permitam disponibilizar a quem precisa os melhores serviços ao menor custo e com menor sobrecarga para a sociedade, de remover obstáculos fiscais e regulatórios à actividade económica que limitam o crescimento económico sustentável, de aumentar a transparência na gestão do Estado para evitar a sua apropriação por interesses privados, nomeadamente os dos detentores de cargos políticos e respectivos séquitos, e o risco de voltar a ruir de surpresa depois de os factores da ruína terem sido criteriosamente escondidos em contas manipuladas, criar um ambiente que permita à sociedade prosperar.

Isto, que qualquer político não socialista com veia poética seria capaz de escrever, e o facto de este projecto do PSD ser liderado por alguém a quem uns anos antes eu não teria dado grande crédito, um jovem telegénico com alguma projecção mediática oriundo das juventudes partidárias mas que quando se viu à frente de um governo sem dinheiro nem soberania que não fosse para aplicar um programa de austeridade negociado entre o governo anterior e as instituições que financiaram um país arruinado e dependente de financiamento para manter o funcionamento mais básico que já não conseguia encontrar mais ninguém que o financiasse, em que a concessão de cada nova parcela de financiamento dependia da aprovação pelas instituições do modo como vinha a ser aplicado esse programa, em que quem governasse não tinha alternativa a aplicar medidas de austeridade que não deixariam ninguém satisfeito, apesar de tornarem possível vir a deixar todos melhores por devolver a viabilidade ao país, não apenas pela tutela das instituições mas porque não tinha dinheiro para gerir de modo menos austeritário, teve a coragem de sacrificar qualquer ambição de prosseguir uma carreira política baseada, como as carreiras políticas em democracia não podem deixar de ser, na popularidade e na empatia com a maioria dos eleitores.

Se qualquer canalha consegue encontrar citações de Francisco Sá Carneiro em que se reveja como se tivessem sido pensadas para o qualificar, há pelo menos duas que, sem ele ter chamado a si a inspiração para Sá Carneiro as ter proferido, retratam precisamente a obra de Pedro Passos Coelho enquanto foi primeiro-ministro:

  • Primeiro Portugal, depois o partido, por fim, a circunstância pessoal de cada um, no modo como sacrificou as suas ambições pessoais e o jogo partidário para fazer o que tinha que ser feito para salvar Portugal, como salvou, nomeadamente ao ter optado em diversas ciscunstâncias por passar além da troika, porque não era a obediência às exigências da troika, mas a aplicação das medidas de austeridade possíveis e necessárias, que resgatariam Portugal da situação de dependência financeira em que estava, e
  • A política sem risco é uma chatice e sem ética uma vergonha, no modo como, mesmo assim, se predispôs a tomar decisões que pareciam catastróficas para as suas ambições pessoais e as do partido, porque a única forma de resgatar o país era tomá-las. 

E não é indiferente que alguns dos que aproveitaram a necessidade de esse governo tomar medidas impopulares para se colocarem ostensivamente ao abrigo de qualquer consequência negativa dessas medidas comentando-as como desnecessárias, consequência da maldade ou incompetência do governo que as tomou, e mesmo uma traição à matriz ideológica social-democrata do PSD, terem sido conhecidos militantes e ex-dirigentes do PSD, e de um desses ter sido o próprio Rui Rio. 

Filiei-me, portanto, para contribuir melhor para lutar por completar, depois de ter conseguido gerir e inverter a crise catastrófica criada pelo governo socialista precedente, um projecto político capaz de colocar Portugal de novo num caminho de prosperidade e de erradicar o risco de futuramente uma crise semelhante voltar a ocorrer. Se quiserem, para combater como soldado ao lado de Pedro Passos Coelho na oposição a António Costa e aos socialistas que tinham mergulhado Portugal nessa crise. Se quiserem ainda, mais por uma questão de simbolismo do que propriamente com esperança de poder desempenhar um papel que ajudasse Passos Coelho e o PSD a regressarem ao poder.

Desde então tenho feito aquilo que qualquer militante deve fazer. Coloquei-me ao serviço do partido e da secção onde sou militante, prestei a minha colaboração sempre que me foi pedida na medida das minhas capacidades e competências, aceitei os convites para integrar a Comissão Política da secção e a lista de candidatos do partido a uma Assembleia de Freguesia em lugar de eleição garantida, e exerço consequentemente funções de Vogal nessa Assembleia de Freguesia. Nem menos nem mais do que isto.

Não vale a pena repetir aqui a história dos últimos anos, nomeadamente o sucesso aparente das políticas de reposição de rendimentos adoptadas pelo governo António Costa que um contexto económico mundial favorável disfarça quaisquer consequências adversas que virá a ter. Os governos populistas de todo o mundo, seja em Portugal, seja nos EUA, tratam de insinuar que sucessos em domínios como o crescimento económico ou a redução do desemprego se devem às suas opções políticas, mesmo que opções de política económica como o aumento do salário mínimo e da carga fiscal ou o proteccionismo reduzam, no imediato ou a prazo, o crescimento económico e o emprego. Um dia será visível, mesmo para quem agora se deixa levar pela dinâmica de sucesso dos populistas, que estas opções foram perniciosas, mas na circunstãncia actual é inútil denunciá-las. Nem a saída da política activa de Pedro Passos Coelho, que resulta também desta dinâmica de sucesso aparente.

A verdade é que a Pedro Passos Coelho e à sua visão e capacidade de liderar a continuação do projecto político libertador sucedeu no PSD Rui Rio, primeiro em eleições onde defrontou Pedro Santana Lopes, depois num desafio à liderança lançado por Luís Montenegro que Rui Rio não quis aceitar, e finalmente nas eleições deste fim de semana que o confirmaram como presidente do PSD nos próximos dois anos.

Rui Rio apresentou-se como candidato à liderança do PSD com uma proposta de estratégia política e de liderança com alguns equívocos graves.

Apresentou-se com uma proposta de impedir o PS de governar condicionado pela extrema-esquerda, não derrubando o governo socialista e substituindo-o por um governo liderado pelo PSD e por ele, mas oferecendo-lhe um apoio alternativo ao apoio oferecido pelos partidos da esquerda que o sustentavam (e sustentam), o BE e o PCP, na esperança que apoiado pelo PSD o governo socialista se possa tornar menos extremista do que apoiado por eles.

Isto é um equívoco grave por vários motivos. Primeiro, conforma o PSD a um papel que nunca ambicionou ocupar, o de maior partido da oposição com esperança de influenciar o partido do governo, em vez de ocupar o papel do partido do governo capaz de governar, reformar e liderar e fazer progredir e prosperar o país, que assumiu múltiplas vezes no passado.

Depois, assume que o primeiro-ministro possa ter algum interesse na disponibilização da possibilidade de apoio do PSD que na realidade não lhe interessa para nada, por ele, um equilibrista e negociante competente, ser perfeitamente capaz de gerir os equilíbrios entre os socialistas, os bloquistas e os comunistas sem precisar de governar com a rede do apoio do PSD por baixo.

Finalmente, assume que o PS corre o risco de ser puxado para a esquerda por ser condicionado pelos apoios do BE e do PCP quando o PS actual, que não é o de Mario Soares ou de António José Seguro, ser tão esquerdista como eles, ser controlado ou por dirigentes mais velhos que vieram do MES ou mais novos que ingressaram no PS em vez do BE porque o PS, um partido de poder, oferece melhores oportunidades de emprego às suas namoradas que partidos de protesto da esquerda radical, um partido que veta sempre que lhe é dado vetar qualquer celebração do 25 de Novembro de 1975, um partido do lado dos derrotados nesta circunstância determinante da evolução da revolução do 25 de Abril de 1974 para uma democracia liberal em vez de uma "democracia" popular.

Prescindir da ambição de liderança que sempre motivou o PSD para ajudar um governo socialista que não precisa de ajuda a aliviar a influência da esquerda radical quando ele tem a esquerda radical no seu núcleo duro não serve para nada.

Apresentou-se com uma proposta de liderança do PSD populista, nomeadamente ao pretender dar ao partido um "banho de ética" e ao insinuar a qualquer foco de oposição interna "interesses" na defesa de "lugarzinhos", ou seja, ao propor-se combater as elites instaladas. E, como é próprio dos populistas, a insinuar poderes obscuros a essas elites através de organizações secretas, no caso dos oponentes internos a Maçonaria.

Eu tenho desde sempre algum cepticismo relativamente aos políticos que se procuram afirmar mediaticamente através do combate à corrupção. Com algum cinismo coloco sempre a possibilidade de nunca a terem praticado por nunca terem tido a oportunidade de o fazer, por nunca terem exercido funções executivas que atraem, pela capacidade de tomar decisões que envolvem muito dinheiro, propostas de corrupção. Também tenho notado que alguns dos que assumem publicamente o papel de combate à corrupção exerceram funções executivas mas nunca denunciaram casos concretos com que tenham deparado no exercício dessas funções, de que seria mais fácil apresentar evidências sólidas do que as meras insinuações mediáticas de suspeitas de casos que lhes são longínquos. Eu não sou capaz de acreditar que alguém que foi ministro das Obras Públicas ou vereador numa grande Câmara Municipal não tenha um único caso vivido na primeira pessoa para denunciar com conhecimento de causa e mesmo evidências.

A primeira vítima de insinuações vagas como o banho de ética ou a defesa dos lugarzinhos é a reputação de todo o partido que é deitada pelo ralo com a água do banho. De todo o partido, para não dizer de todo o sistema democrático, como os populistas hard não se cansam de tentar. E o primeiro beneficiado é, espera o autor das insinuações, o autor das insinuações, que ao fazê-las espera ficar automaticamente ilibado das suspeitas que lança sobre todos os outros.

Mas a verdade é que a ética praticada pelos dirigentes actuais do PSD não parece ter estado à altura da exigência que se esperaria fundamentar a denúncia de Rui Rio. Desde casos de caciquismo, a negócios obscuros de autarcas, a casos de presenças falsas no parlamento, não se verificou nenhum padrão de exigência ética que distinguisse claramente esta direcção de qualquer direcção de qualquer partido de poder onde a ética nem sempre consegue resistir às tentações que o exercício do poder atrai. E por contrapondo relato aqui uma historieta que se passou comigo. Nos meus primeiros tempos de militante no final de 2015, ainda com Passos Coelho a liderar o seu segundo governo, um secretário de Estado foi à secção onde milito ter um encontro com militantes. Depois da reunião disse a um amigo deputado "os secretários de Estado andam de BMW série 3 e motorista", ao que ele esclareceu "O carro não era do governo, devia ser do partido, porque o Passos não deixa os governantes levarem o carro para essas reuniões".

E a eleição da ética dentro do PSD como tema nuclear da sua afirmação como dirigente e a falha em acompanhar as expectativas de exigência implícitas nessa escolha é especialmente penalizadora para o PSD e proveitosa para o governo, porque desviou o foco público das falhas de ética num governo cheio de casos de nepotismo e corrupção a níveis de que não há memória e que mereceram mesmo os títulos da imprensa internacional para pechas infantis como presenças falsas de deputados do PSD no parlamento.

Um terceiro equívoco é a tentativa de a actual direcção do PSD se desligar da "herança Passos".

O calculismo da opção é evidente, a tentativa de largar o lastro das medidas impopulares que o governo Passos foi forçado a adoptar para resgatar o país da dependência das instituições internacionais. A demagogia tembém, sem essas medidas impopulares, e sem a coragem para as assumir contra tudo e todos, a começar pela popularidade de quem as assumiu, não como a concessão a uma imposição de terceiros mas por serem necessárias, Portugal ainda andaria hoje de resgate em resgate como a Grécia andou em vez de se ter libertado definitivamente da dependência da troika em 2014, como estava planeado e parecia improvável a muitos, a quase todos. Sobra a estupidez de, ao assumir a falta de apoio e mesmo a oposição a essas medidas do governo Passos, a direcção do PSD deixar o governo socialista desligar-se também delas, que no entanto foram adoptadas maioritariamente ainda no tempo do governo socialista anterior, a estupidez de possibilitar aos socialistas designarem por "cortes do governo Passos" cortes que foram de facto deliberados e implementados pelo governo Sócrates.

E pior do que estes erros circunstanciais é renegar a herança reformista do PSD na história da democracia portuguesa que foi determinante para três libertações de Portugal: a libertação da tutela militar, iniciada pelos governos Sá Carneiro, a libertação da economia estatal, levada a cabo pelos governos Cavaco Silva, e a libertação da dependência externa, conseguida contra todas as expectativas pelo governo Passos Coelho. Sem esta memória o PSD é um partido dispensável.

Tudo junto, não é difícil de entender o apoio que, nos processos eleitorais internos do PSD, tem sido publicamente concedido a Rui Rio por socialistas como António Costa ou por comentadores esquerdistas e ferozes opositores de qualquer papel de liderança do PSD na evolução da sociedade portuguesa como Clara Ferreira Alves ou Daniel Oliveira. Eles podem ser intelectualmente desonestos mas sabem bem quem lhes serve os interesses e quem lhos contraria.

Mas apesar disto que acabei de dizer e das duas derrotas eleitorais em eleições nacionais em 2019, essencialmente a derrota nas eleições legislativas onde é escolhido o primeiro-ministro, e essencialmente devido às grandes distritais do Porto e de Aveiro, os militantes do PSD escolheram reconduzir Rui Rio na presidência do partido.

Eu não me revejo no PSD de Rui Rio e não vejo que ele precise de mim. Não estou e nunca estarei do mesmo lado de António Costa, Clara Ferreira Alves e Daniel Oliveira. O combate que me motivou a filiar-me no PSD já não está a ser travado pelo PSD.

Resta-me, como militante e como membro da Comissão Política da secção, continuar a colaborar como tenho colaborado sempre que me for solicitado pela secção da Amadora ou pelo seu presidente, o deputado Carlos Silva que estimo e admiro, e a procurar servir os eleitores da Freguesia da Venteira na Assembleia de Freguesia para onde fui eleito em 2017. E nas redes sociais continuarei a combater o socialismo como sempre combati, antes e depois de me filiar no PSD. Mas não vou colaborar numa secundarização do PSD face ao PS, não quero colaborar no que pode proporcionar uma mexicanização do regime. Quero combatê-la.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 18:51
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Domingo, 12 de Janeiro de 2020

A segunda volta

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Na primeira volta apoiei e votei em Luís Montenegro.

A campanha de Rui Rio e dos seus apoiantes focou-se nas insinuações de carácter sobre os opositores, sobre pretensos negócios obscuros ou ligações à Maçonaria. Tratou-os como inimigos como não trata os opositores externos. Como tratou antes o partido como um antro de corrupção ao pedir um "banho de ética". Nunca hesitou em sacrificar o nome e a imagem do partido para se promover pessoalmente.

Com ele o PSD, o único partido que já obteve mais de 50% dos votos em eleições legislativas, conforma-se com a posição de maior partido de oposição incapaz de ultrapassar o PS mesmo com a esquerda fragmentada, incapaz sequer de influenciar o PS que só em caso de necessidade extrema necessitará do seu apoio. Proporcionando ao PS a mexicanização do regime que impõe a um regime pluripartidário os vícios de um regime de partido único.

Primeiro ele, depois o partido, depois Portugal.

Acabado de sair de uma derrota pesada nas eleições legislativas, acusou Montenegro de perdedor em eleições municipais. O mesmo Montenegro que no parlamento deu a cara durante uma legislatura, em que Rio se escondeu, pelos sacrifícios que o povo português teve que sofrer para ultrapassar com sucesso a falência do governo socialista.

O PSD para sobreviver como partido competente para governar Portugal tem que inverter este plano inclinado para a irrelevância. Precisa de ética, competência e capacidade de liderança. Na segunda volta apoiarei e votarei em Luís Montenegro.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 15:41
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Quarta-feira, 1 de Agosto de 2018

Para Rui Rio o PSD é a mesma coisa que o BE

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Desde que apresentou a sua candidatura à presidência do PSD, e continuando depois de ter sido eleito, Rui Rio e a sua direcção fizeram da insinuação, sem concretizar, como é próprio da insinuação, que o PSD é um partido de gente desonesta uma das linhas sistemáticas da sua estratégia de comunicação.

Que o partido precisa de um banho de ética, que se há investigações judiciais, aliás desencadeadas por uma denúncia anónima, possivelmente de alguém do próprio partido, a nomeações suspeitas de assessores em autarquias do PS e do PSD, os factos ocorreram durante a direcção de Passos Coelho, que provavelmente há especuladores imobiliários no PSD.

Porque se dedica a fazer insinuações, não identificadas, sobre a falta de ética dos militantes, não identificados, do PSD, só ele saberá a razão, e não podemos mais do que especular para tentar adivinhá-la.

Talvez porque a insinuação recorrente pode induzir o público no engano de acreditar que quem a faz está acima dos comportamentos reprováveis que insinua, numa lógica de o primeiro a apontar o dedo merece imunidade? Talvez. Mas na realidade não está, e a insinuação costuma até ser usada por pessoas desonestas para sujar o nome de pessoas mais honestas do que elas. Há mesmo vários ditados populares para explicar que quem é muito desconfiado por natureza é geralmente desonesto, mas eu não me lembro de nanhum para citar aqui.

Talvez por ter esperança que as insinuações o beneficiem por lançar suspeitas sobre os seus adversários políticos? Se for por este motivo, não parece particularmente inteligente. Porque se no interior do PSD as insinuações o podem beneficiar relativamente aos alvos delas, que por não serem concretizados podem ser potencialmente todos os outros militantes do partido, com alguma habilidade comunicacional podendo sugerir a excepção dos que o rodeiam, no exterior do partido as insinuações apenas lançam suspeitas sobre o PSD e desse modo apenas beneficiam os outros partidos. Estes partidos não precisam de ter génios do tacticismo político, e alguns deles têm figuras muito competentes em tacticismo político, a começar pelo primeiro-ministro, para transformarem o "banho de ética" numa autocrítica ao PSD, o comentário sobre a investigação aos assessores numa crítica ao PSD de Passos Coelho, neutralizando o facto de a investigação também abranger autarquias do PS, e a admissão de que também pode haver especuladores imobiliários no PSD uma neutralização da pressão mediática sobre os especuladores imobiliários do BE, deixando a ideia de que são equivalentes aos do PSD.

Na boca do presidente Rui Rio e da sua direcção o PSD é, pois, um partido de gente desonesta. Incluindo-me a mim, que ao longo dos meus 61 anos de vida acumulei na política uma fortuna de 128,24€ (cento e vinte e oito euros e vinte e quatro cêntimos) em sete senhas de presença na Assembleia de Freguesia da Venteira para que fui eleito em 2017.

Há no entanto uma hipótese alternativa para explicar esta insinuação sistemática sobre a falta de ética no PSD. A de ser, não uma estratégia de comunicação, mas acidental.

Quando admitiu que pode haver casos como o de Ricardo Robles no PSD Rui Rio pode apenas ter caído ingenuamente na armadilha infantil que lhe foi estendida pela jornalista para lhe sacar um título sensacionalista quando lhe perguntou "Pode garantir que algum vereador do PSD ou deputado não faz fortuna à conta da especulação imobiliária?". A pergunta tem erros de sintaxe, mas a armadilha é bem visível. E em vez de lhe ter respondido, como podia e devia, algo que desviasse o foco da questão de no PSD se fazer especulação imobiliária como o bloquista foi apanhado a fazer, fazendo do PSD uma coisa semelhante ao BE, para o facto de, se alguém do PSD fizesse especulação imobiliária não estaria a violar hipocritamente em privado, como o bloquista esteve, os princípios morais e políticas que prega, porque a especulação imobiliária não é reprovável à luz dos princípios em que acredita e que prega quem acredita na economia de mercado, Rui Rio caiu na armadilha e admitiu que no PSD também pode haver especuladores imobiliários.

Se tiver acontecido isto Rui Rio errou, não por ter apontado os seus tiros ao próprio partido, mas por não ter a competência para comunicar que alguém com a ambição e na circunstância de um dia poder chegar a primeiro-ministro precisa de ter.

Não é melhor nem pior, é mau na mesma.

E eu não tenho meios de avaliar nem posso mais do que especular se Rui Rio tem um discurso que prejudica o PSD por intenção ou falta de preparação.

Uma explicação alternativa é a de ele ter conhecimento de casos de fazer fortuna dentro do seu círculo mais chegado de apoiantes e não ter sido capaz de não o reconhecer?

Venha o Diabo e escolha.

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publicado por Manuel Vilarinho Pires às 19:07
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Quinta-feira, 19 de Julho de 2018

Quem representam os deputados?

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história conta-se em poucas palavras. Na Comissão de Agricultura e Mar (CAM) da Assembleia da República o PSD e o PCP tinham chegado a acordo sobre o apoio do primeiro a uma proposta do segundo, suficiente para garantir a sua aprovação, para conceder aos proprietários cujos terrenos fossem integrados em faixas de gestão de combustível, e por isso sujeitos a operações de manutenção acrescidas ou a restrições na sua utilização, uma compensação. O presidente do PSD ordenou ao grupo parlamentar permitir o chumbo da proposta pelo PS, abstendo-se. E o grupo parlamentar seguiu as ordens do chefe e a proposta foi rejeitada com os votos contra do PS que reflectiu a posição contra do Governo.

Como sublinhou hoje o Henrique Pereira dos Santos, o PCP defendeu a propriedade privada através de uma compensação justa aos proprietários cujos terrenos sejam condicionados no seu uso pelo interesse colectivo, e os outros partidos deixaram-na cair, aceitando a opção do governo por impôr aos proprietários os custos deste condicionamento.

Chegados aqui há que fazer uma primeira observação, até para se perceber a razão para uma aparentemente inesperada conjugação de posições entre o PCP e o PSD. O PCP e o PSD são, e digo isto sem nenhum estudo sociológico que o comprove mas convencido que não é uma asneira, os dois partidos mais próximos daquilo a que se chama o país real. O PCP com a sua implantação tradicional entre o operariado e o campesinato, tão nuclear que faz de meros empregados de escritório intelectuais na classificação que o partido usa para os seus próprios militantes, e o PSD com a sua implantação tradicional entre pequenos agricultores, pequenos industriais e pequenos prestadores de serviços, a classe esmagadora no tecido económico português dos que não são assalariados nem funcionários públicos e todos os dias têm que lutar pela vida. O que significa que, para além das diferenças ideológicas que nem vale a pena enumerar, são partidos que quando se fala de imposição de obrigações e limitação da liberdade de utilização do seu património a pequenos proprietários sabem exactamente do que se fala, de quem atinge, e das consequências, conhecimento do terreno que não é óbvio em partidos de quadros, de funcionários, de activistas ou de cientistas sociais.

E, portanto, o PCP e os membros do PSD na CAM tinham acordado que os proprietários deviam ser compensados pela sua perda de liberdade na utilização do seu património para servir o interesse público, e o Rui Rio deu ordem ao grupo parlamentar do PSD para deixar cair o compromisso. Com que ganhos políticos que justifiquem o prejuízo político potencial de negar aos proprietários qualquer contrapartida por se verem impedidos de dar aos seus terrenos o uso que entendam, desse modo associando-se ao governo socialista no desrespeito pela propriedade privada, não explicou.

O que me suscita uma interrogação habitual. Quem devem representar os deputados: os eleitores que os elegeram, ou a direcção do partido cujas listas integraram?

Formalmente os deputados representam os eleitores e são donos dos mandatos que recebem deles. Uma vez um deputado eleito para a Assembleia da República só pode ser removido por perda de mandato, e apenas em circunstâncias de gravidade bastante definidas na lei, ou por renúncia do próprio.

Na prática sabemos que podem estar sujeitos a fidelidades informais, nomeadamente em sistemas eleitorais como o nosso em que os deputados são eleitos em listas e não em candidaturas individuais. A escolha dos deputados é determinada em grande parte pela direcção do partido quando os coloca nas listas de candidatos em lugares de eleição garantida, de risco ou impossível, pelo que pode ser possível terem assumido compromissos prévios com a direcção do partido antes de serem colocados nas listas. O que não altera em nada o anterior, porque qualquer compromisso desta natureza não pode ter força de lei nem lhes pode ser imposto contra a sua vontade, mas pode ter o valor que tem um acordo de cavalheiros.

Com quem não assumiram garantidamente compromissos antes de ser eleitos é com futuras direcções do partido em cujas listas se candidataram e foram eleitos. Pelo que não é impossível haver alguma diferença de objectivos, de estratégias e de posições entre um grupo parlamentar de um partido e a sua direcção quando a direcção mudou depois das últimas eleições. Diferença que, em função da capacidade de liderança da nova direcção e da relação que desenvolver com o grupo parlamentar em funções pode ser facilmente ultrapassada, e costuma ser facilmente ultrapassada com o grupo parlamentar a alinhar as suas posições com as da direcção, ou radicalizada, com o grupo parlamentar a ser forçado a escolher entre a sua própria orientação política e as ordens da direcção do partido.

De modo que, bem ou mal, os deputados do PSD que estão na Assembleia da República representam os eleitores que os elegeram, e representam-me tanto a mim, que sou filiado no partido e dirigente local, como a minha vizinha do 2º andar, que não é filiada mas votou no PSD tal como eu, como o presidente Rui Rio, que acredito que também tenha votado no PSD como eu e ela.

O que significa que quando, depois de tomarem uma posição no parlamento em minha representação, que os elegi, os meus representantes a alteram por pressão da direcção do partido, prescindiram de me representar a mim para a representar a ela.

O risco que corre o partido com a desautorização pública do grupo parlamentar é o de alienar os votos dos eleitores que se sentiam representados por ele mas não se sentem representados por quem os desautoriza.

É o de se dirigir para um pântano, e às cegas.

 

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publicado por Manuel Vilarinho Pires às 19:35
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Quarta-feira, 6 de Junho de 2018

Sucedâneo

Laurence J. Peter não estava, mas poderia estar, a pensar em Rui Rio quando inventou o princípio que leva o seu nome.

 

Rio foi um excepcional presidente de câmara, muito melhor do que quem o precedeu, quem veio a seguir e qualquer das nódoas que têm ocupado a mesma cadeira na capital, incluindo os dois velhacos que por lá passaram em estágio para a presidência da república um e para a chefia do PS e do governo, o outro.

 

Saneou as contas do município; hostilizou os bonzos da cultura, tratando com desprezo e arrogância a parasitagem dos subsídios; e pôs o capo local do futebol no lugar que a ele, e aos seus colegas dos outros dois grandes, naturalmente compete.

 

Fez isso ganhando eleições, com o que provou que não é preciso lisonjear nem a gente da cultura nem a do futebol nem a da comunicação social para o conseguir, desde que o eleitor acredite na seriedade de propósitos e na capacidade de os realizar. Convém ainda, para conseguir o primeiro mandato, que o antecessor não tenha caído no goto do munícipe, como era o caso no Porto de 2002.

 

Mas isso é nas eleições concelhias, nas nacionais outro galo canta: a quase totalidade dos eleitores depende, directa ou indirectamente, do Estado, para que este os sustente, lhes arredonde o fim do mês, ou lhes crave mais ou menos bandarilhas no lombo sofrido de contribuinte; e qualquer ignoto secretário de Estado tem mais poder no dedo mindinho para beneficiar ou prejudicar um grupo de cidadãos no país do que o senhor presidente da câmara, com o corpo todo, para fazer o mesmo num município.

 

No tempo já decorrido desde que Rio tomou conta do PSD quem tinha ilusões perdeu-as: o homem tem como ambição atrelar o PSD ao PS, com o meritório propósito de afastar da governação os pés comunista e demente do tripé geringôncico; e conta com os seus quadros, e a sua reputação de seriedade e de apreciador de contas à moda do Porto, para fazer um segundo lugar honroso numa coligação centrista, e ganhar créditos para um primeiro nas eleições seguintes.

 

É pelo menos o que diz gente subtil. Sucede que mesmo que o PSD não fosse, como sempre foi, um saco de gatos dos quais uma parte, a melhor, tem anticorpos anti-PS; mesmo que na giga-joga da baixa política Costa não fosse um cinturão negro, contrastando com a alvura do de Rio: o país não pode ter esperança de romper com a situação deprimente da sua dependência dos juros artificiais que o BCE garante, da sua dívida pública que resiste tenazmente a qualquer redução sustentada, do seu Estado que não se reforma e faz a economia crescer poucochinho, não obstante o bodo dos fundos europeus e a sorte grande do turismo, enquanto o PS, e o resto da esquerda, não fizerem um estágio na oposição de pelo menos dois mandatos, e idealmente uma geração. 

 

Resumamos: o PS é parte do problema, não da solução. E portanto é errada qualquer estratégia de contemporização, Rio é um líder a prazo, e quem não for socialista de raiz, ou não comprar o paleio demagógico do virar a página da austeridade e o resto da propaganda com que o PS pinta de cor de rosa a dança do país à beira do abismo pode fazer melhor do que abster-se, e votar no CDS.

 

Entretanto, não vem mal ao mundo se Rio se lembrar de acertar uma, e foi esse o caso com o estudo “Uma política para a infância”. O texto não chega a 90 páginas e o palavreado escusava de ser em oficialês, mas tem gráficos que o aligeiram e não escamoteia mas pelo contrário ilustra convincentemente a bomba-relógio demográfica em que nos deixamos acantonar.

 

Tencionava comentar o documento medida a medida e abalancei-me, Deus me perdoe, a ir lá atrás ver o abono de família, o digno avô dos apoios aos pais com filhos – convém ter uma perspectiva histórica para tudo. E encontrei um precioso estudo, de 2009, de um Gabinete de História Económica e Social, que se lê bem e desfaz algumas ideias feitas sobre o assunto, a começar pela data do primeiro  abono – 1942. Mas entretanto calhou ler nesta notícia do Eco que “o financiamento deste projeto acontecerá por via de ganhos de eficiência no sistema de educação até porque ‘as crianças que têm um bom início têm uma menor probabilidade de repetir o ano”; e pouco depois, nesta notícia do Observador, o próprio Rio esclarece que não faz a menor ideia de onde vai buscar os 500 ou 600 milhões de euros que a coisa custa por ano.

 

E perdi a vontade de sequer pensar muito no assunto. Porque o problema do inverno demográfico é grave e merece estudo e medidas. Mas o do endividamento do país ainda é mais e prometer às pessoas resolver seja que problema for sem o casar com os constrangimentos da dívida é transformar as eleições em leilões de bens emprestados.

 

De resto, como os prometidos apoios são até aos 18 anos de idade, conviria ter a certeza de que o país não vai falir pela quarta vez nesse período, porque das anteriores o Estado não hesitou em cortar no que se estimava adquirido, via inflação nas duas primeiras e via cortes propriamente ditos na última.

 

Ora, para fazer leilões de bens furtados, como é o caso quando se prometem coisas a uns e se agravam impostos a outros; e para acrescentar à moscambilha bens a crédito, suposto que haja quem o conceda, já temos o PS, que é o artigo genuíno. Não precisamos de um sucedâneo.

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publicado por José Meireles Graça às 19:27
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Segunda-feira, 12 de Março de 2018

Abrir os partidos à sociedade civil

2018-03-12 Elina Fraga Nadia Piazza.jpg

O novo presidente do PSD Rui Rio declarou, tanto ao longo da campanha eleitoral para as eleições directas no partido, como no 37º Congresso Nacional em que a sua nomeação como presidente do partido foi formalizada, a urgência em reformar o sistema político para lhe recuperar a credibilidade abrindo os partidos à sociedade civil. Consequente com este diagnóstico, foi buscar à sociedade civil para integrar a Comissão Política Nacional como vice-presidente a advogada Elina Fraga, anterior bastonária de Ordem dos Advogados que colocou em tribunal os membros do governo de Passos Coelho por causa do encerramento de tribunais decorrente da implementação do novo mapa judiciário. E as críticas de muitos militantes e antigos dirigentes do partido a esta escolha valeram-lhe a solidariedade expressa nas redes sociais de muitos socialistas e bloquistas.

Já a presidente do CDS Assunção Cristas foi buscar à sociedade civil para integrar o grupo de personalidades que vai elaborar o programa eleitoral do partido às eleições legislativas de 2019 Nadia Piazza, a mãe que perdeu o filho no incêndio de Pedrogão Grande, confessou que encontrou conforto em saber que o filho tinha morrido envolvido nos braços do pai, foi a principal promotora da formação da Associação de Familiares de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, e recusou convidar para o almoço de Natal da associação o primeiro ministro que reagiu à tragédia em termos odiosos, fugiu de férias e encomendou estudos para descobrir como minorar os danos politicos da tragédia para ele e para o governo. E os mesmos socialistas e bloquistas que se tinham solidarizado com a outra dedicaram a esta a insinuação de ter recusado o convite ao primeiro ministro e aceite o convite para colaborar com o CDS por "oportunismo", "vantagens" e "interesses".

É quase a mesma coisa, não é?

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 12:36
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Domingo, 25 de Fevereiro de 2018

Rio

Simpatizo com Rio. O homem é teimoso, despreza os jornalistas, está-se nas tintas para o futebol, não tem paciência para sensibilidades, embirra com magistrados e arrumadores de automóveis, é a favor de superavits, borrifa-se para os barões e diz ao que vem em linguagem chã.

 

A que vem ele então? Ao que se sabe, vem a favor da regionalização (agora crismada de descentralização), da reforma do Estado e da Justiça, da chupice de fundos europeus, e doutras matérias não especificadas em que sem um acordo dentro do Centrão as coisas emperram.

 

Temos a burra nas couves, porquanto:

 

A regionalização foi amplamente derrotada num referendo em 1998. Transferir competências para as regiões e os municípios, sem um novo referendo, é uma traição democrática, por muito que se ache que o que a Constituição diz na matéria, e um acordo de maioria qualificada entre partidos, é o suficiente para fazer de conta que o referendo não existiu. É provável que Rio, que é ideologicamente um básico (digo-o sem acinte), não se impressione excessivamente com este argumento, por achar que as formas contam pouco, e a realidade muito. Engano dele: a democracia vive de formas, e ignorá-las a benefício do que se considera um bem maior não pode senão, a prazo, dar maus resultados. Hoje acha-se que o resultado de um referendo pode ser ultrapassado por estar obsoleto; e amanhã um referendo sobre outra coisa qualquer será destratado pelo eleitorado por constatar que os partidos, quando lhes der jeito, o ignoram.

 

Acresce que o assunto de modo nenhum é pacífico. Rio acha que os autarcas, por estarem mais próximos das populações, administram melhor que a parasitagem lisboeta, e serão com mais facilidade fiscalizados. Eu acho que sem impostos locais a competição entre regiões e municípios se transformará rapidamente num campeonato de despesismo, e que o PS jamais concordará com competição fiscal entre municípios, quando nem sequer a aceita dentro da EU entre Estados.

 

Por outras palavras: o país suporta uma quantidade imensa de boys, e de serviços inúteis ou daninhos, em Lisboa; a regionalização que o PS, e a esquerda em geral, subscreverão, é a multiplicação de terreiros do Paço pelas regiões, e da gestão demagógica do homúnculo Medina, pelos municípios. Rio quer isto?

 

A Justiça precisa de ser reformada. Já precisa e tem vindo a ser reformada há décadas. Rio, aparentemente, quer rapidez, previsibilidade das decisões, e não se sabe bem o quê da magistratura do ministério público; o PS quer rapidez, decisões que não ofendam os valores do politicamente correcto que varre o mundo bem-pensante, e que a magistratura do ministério público respeite a inimputabilidade dos políticos em geral, e dos do PS em particular.

 

As sucessivas reformas da Justiça tiveram sempre, porque tinham que ter, a mão do PS, e não há um magistrado, um sindicalista (estas duas categorias, infelizmente, são acumuláveis), um político, um funcionário, um jornalista, um advogado, um comentador, um cidadão, que ache que a Justiça está melhor. Aparentemente, Rio confia que uma demente voluntariosa, ex-bastonária da Ordem dos Advogados, tem ideias para a reforma da Justiça que merecem consideração, e que da conjugação dessas ignotas ideias com as que podem brotar das coudelarias jurídicas do PS pode nascer uma reforma com pernas para andar. A sério?

 

Da reforma do Estado nem é bom falar. Que qualquer reforma, se se quiser ir pelo caminho da séria diminuição da dívida pública que Rio deseja, tem que meter bedelho na Educação, no Serviço Nacional de Saúde, nos serviços públicos inúteis ou daninhos, nos direitos adquiridos, no poder dos sindicatos, na revogação de legislação intrusiva da liberdade económica, e no despedimento de funcionários.

 

Rio parece não compreender que o Estado não se reforma porque o Estado é o PS, mesmo quando o PS não está, incompreensivelmente, no Poder; que o partido maioritário é o dos dependentes, directa ou indirectamente, do Estado; e que a geringonça criou uma realidade nova, que é esta: podemos sair do marasmo se e quando a chamada direita esmagar a geringonça; não podemos, se fizermos acordos com parte dela.

 

E quanto aos fundos europeus? Não parece difícil chegar a um consenso: os lugares de poder serão distribuídos entre PS e PSD; seja com novos impostos europeus, seja com outro processo qualquer, a Europa será espremida até onde der; é desta que os fundos retirarão Portugal da cauda da Europa, é desta que Portugal se aproximará do pelotão da frente, é desta que Portugal convergirá aceleradamente, e é desta que, como de costume, os fundos servirão para financiar investimento público não reprodutivo, formação profissional de gente que finge que ensina inutilidades a gente que finge que as aprende, e empresas que farão concorrência desleal às que ficaram a ver navios, e cujo destino nunca saberemos qual será porque todo o processo será inteiramente opaco.

 

No fundo, Rio apenas substituiu Passos porque este não adivinhou a retoma na Europa e no mundo, nem o crescimento explosivo do turismo, nem a falsificação dos orçamentos do Estado durante a sua execução, nem a benevolência das instituições europeias aflitas para inventar sucessos, nem uma senhora Merkel a lutar pela sobrevivência, e por isso descredibilizou-se prevendo a chegada de um diabo que não veio.

 

Passos suicidou-se temporariamente por causa do seu engano insustentável, e com o suicídio quis preservar o PSD e a direita. O papel de Rio deveria ser fingir que é muito diferente, sendo no essencial igual.

 

Rio saberá disto? Se sim, o estado de graça com o PS durará pouco; se não, é um dirigente a prazo.

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publicado por José Meireles Graça às 16:00
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Segunda-feira, 29 de Janeiro de 2018

O bairrismo no Norte

2018-01-29 Rui Rio Rui Moreira.jpg

O Dr. Rui Rio tem mantido algum recato desde a sua eleição para presidente do PSD, prudente e até recomendável a quem tem algum passado de ser encorajado e depois citado a fazer afirmações que, ou por excesso de espontaneidade, ou por falta de cuidado, nem sempre são fáceis de explicar politicamente como propostas de um partido de poder para resolver os problemas que comenta. Não tem caído nas armadilhas da espontaneidade que certamente lhe têm sido espalhadas pelos jornalistas. Tem estado bem.

Esta semana quebrou finalmente o silêncio para se pronunciar sobre um assunto da actualidade nacional e fazer a respectiva crítica.

E que assunto escolheu para inaugurar a sua voz como presidente eleito do PSD? O caminho de insustentabilidade que está a ser dado às finanças públicas por o governo estar a assumir compromissos de aumento da despesa estrutural, como aumentos salariais ou do quadro da função pública que nunca poderão ser revertidos, com base no aumento circunstancial da receita que o ciclo económico está a proporcionar agora, mas não proporcionará sempre? Não. Sobre a aparentemente intenção de demolição do Serviço Nacional de Saúde por desinvestimento, suborçamentação e calotes a fornecedores que começa a ter consequências gritantes na qualidade do serviço não prestado aos utentes? Não. Sobre o ataque sistemático do governo socialista a todas as entidades independentes através de guerrilha mediática contra os seus dirigentes e da sua substituição por socialistas, que recentemente foi reforçado pelo anúncio da intenção de substituir no final do mandato a Procuradora-Geral da República que investigou governantes e banqueiros como base no argumento, falso, que a lei só lhe permite cumprir um mandato? Também não. Nenhum destes assuntos graves ou mesmo gravíssimos lhe mereceu um comentário até agora.

O Dr. Rui Rio inaugurou a sua voz como presidente eleito do PSD pronunciando-se sobre a intenção da Google de fazer um investimento em Portugal em Oeiras, e criticando a decisão por ter optado por "Lisboa" para o fazer.

Independentemente de ser esperada ou não, esta escolha de tema está longe de ser inesperada, e mostra que o seu autor assume, como muitos outros políticos oriundos no Norte, genericamente, e do Porto, especificamente, o papel de provedor do Norte, ou do Porto, contra a macrocefalia de Lisboa.

Ao significado e implicações políticas já lá vamos, mas vou primeiro passar pelo bairrismo do Norte, ou do Porto.

Tendo raízes minhotas, e das que vão beber directamente às aguas do Rio Minho, o meu pai era de Melgaço e a minha mãe de Monção, e sendo lisboeta de nascimento e de toda a vida ter vivido à volta de Lisboa, tenho experiência de picardias de bairrismos regionais nos seus diversos ângulos suficiente para achar que valha a pena tomar partido, ou melindrar-me com elas, ou solidarizar-me com quem se melindra, e muito menos para as arbitrar, picardias de que posso dar um exemplo publicável com a piada "Sabes porque é que os lisboetas se chamam alfacinhas e não saladinhas? Porque não têm tomatinhos", e de que podia passar alguns anos a citar outras, quase todas com um sentido de humor e colorido de linguagem mais ricas do que esta. Não as coloco muito longe das picardias, a que autores muitas vezes também atribuem uma importância que escapa a quem lhes dá menos, sobre a bola.

Mas independentemente da virtude comparativa das picardias bairristas, há diferenças entre os bairrismos que uma observação objectiva me foi permitindo identificar ao longo da vida.

E uma delas é na intensidade. Passei muitos serões na juventude a ouvir enumerar, a minha pronúncia de alfacinha não enganava ninguém, sobrepunha-se sempre às raízes minhotas e despertava em várias pessoas a necessidade de as enumerar, vantagens do Porto sobre Lisboa. E nunca passei nenhum serão a procurar convencer quem quer que fosse de vantagens de Lisboa sobre o Porto. Talvez por não as haver, talvez por haver mas eu não estar devidamente preparado de argumentos para as enumerar, talvez por ser assunto que nunca me tinha preocupado nem me continuou a preocupar pela vida fora. Em todo o caso, mesmo descontando eventuais falhas na representatividade que eu, por um lado, e as pessoas que mas enumeravam, pelo outro, pudessemos ter relativamente às populações que representávamos, sempre me pareceu que era assunto que as gentes do Porto levavam mais a peito que as de Lisboa.

Outra é a identificação das populações com as lideranças. Não me lembro de um Presidente eleito da Câmara do Porto que não parecesse, pelo menos visto de longe, inamovível enquanto se continuasse a candidatar. Pelo menos desde que o Fernando Gomes lá chegou em 1989 que nenhum é deposto em eleições. O Fernando Gomes saiu por ter ido para o governo, o Nuno Cardoso perdeu as eleições mas nunca tinha chegado a ser eleito, o Rui Rio por ter atingido a limitação de mandatos, e o Rui Moreira no segundo mandato parece tão inamovível como os que o precederam nestas décadas. E para além dos resultados eleitorais é mesmo frequente assistir a testemunhos de cidadãos que confirmam uma grande identificação com o Presidente da Câmara e com o seu papel de defesa dos interesses do Porto, coisa que não acontece em Lisboa com a mesma intensidade, mesmo relativamente a autarcas que também ganham eleições.

Na campanha para as eleições internas do PSD foi bem visível esta identificação de cidadãos do Porto, nomeadamente a elite liberal e cosmopolita da cidade tão bem representada pelo presidente actual, com o seu ex-presidente, e terá sido mesmo determinante para definir o resultado das eleições, atendendo ao resultado esmagador que o candidato atingiu no Porto e distritos limítrofes, e no peso que esses distritos têm a nível nacional em número de militantes no partido.

Tudo junto, não é inesperado que os Presidentes da Câmara do Porto se afirmem pelo bairrismo especial da cidade e da região e que se assumam como campeões da defesa dos seus interesses contra o centralismo de Lisboa, o que é apreciado pelos munícipes que lhes retribuem em votos.

O que está é longe de se poder dar como provado que a afirmação de bairrismo traga vantagens aos políticos que se querem afirmar na política nacional ou, pelo contrário, expõe fragilidades ideológicas e políticas de quem a faz.

Ideológicas, porque a crítica se insere numa linha de pensamento que toma por bom que todas as decisões, mesmo as dos agentes económicos privados, são determinadas ou influenciadas pelo governo, de modo que de todas se podem assacar responsabilidades ao governo, sendo que a crítica foi implicitamente dirigida ao governo por ter levado o investimento da Google para Lisboa.

E uma das vertentes frequentes da afirmação do bairrismo do Norte é justamente o apelo ao governo para influenciar decisões de empresas privadas no sentido de respeitarem os interesses do Norte em vez de obedecerem aos do Sul ou se deixarem conduzir pela procura do lucro. Coisa que acontece recorrentemente por exemplo com a problemática das rotas da TAP. Ora esta é uma visão socializante da sociedade e da economia, que é legítima, mas faz duvidar do liberalismo e do cosmopolitismo de quem a tem. E até os socialistas a desmontam facilmente, neste caso específico esclarecendo que a Google não recebeu qualquer tipo de apoios ao investimento que colocasse o governo em posição de influenciar a decisão de localização. Terá sido uma decisão puramente empresarial, o mercado a funcionar.

Políticas, porque se a crítica pode ter consolidado a popularidade do presidente eleito do PSD entre o seu eleitorado regional, interno ao partido, que o elegeu e onde é preponderante, mas também externo, onde está longe de ter a proponderância que tem no universo partidário, também pode ter suscitado dúvidas no eleitorado de outras regiões, que é mais preponderante a nível eleitoral do que no universo de militantes do partido, e onde a crítica parece mais própria de um líder regional do que de um que se quer nacional.

Aliás, nem sequer é difícil a um governo suficientemente demagógico combater politicamente líderes regionais nas suas causas bairristas. Basta-lhe afirmar de modo credível intenções, mesmo que não tenha a intenção de as levar a cabo e espere que as circunstâncias acabem por impossibilitá-las contra os seus esforços aparentes. Basta-lhe anunciar a mudança para o Porto da sede de um instituto público. Mesmo que o instituto acabe por não mudar, a boa intenção fica para a história e bem esticada chega até às próximas eleições.

Posto isto tudo, não me parece que tenha sido uma boa ideia o Dr. Rui Rio ter inaugurado a palavra como presidente eleito com uma crítica bairrista.

 

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 13:06
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Quarta-feira, 17 de Janeiro de 2018

...ainda bem que não pisei.

2018-01-17 Fezes do cão.jpg

Esta é a história que me contaram, real ou imaginária, ou mesmo complexa, como os matemáticos chamam ao que junta um bocadinho de real a um bocadinho de imaginário, se bem que a história seja até simples, de um transeunte que um dia andava a passear e viu no passeio o que parecia ter sido deixado por um cão daqueles cujos proprietários não são adeptos do saquinho.

  • Parece m.,

disse ele com os seus botões. Mas este transeunte não era daqueles que se satisfazem com as primeiras impressões para tirar conclusões, era exigente com elas, e dotado do grau de curiosidade característico dos gatos, das pessoas inteligentes, e dos homens de quem as mulheres não se costumam arrepender por lhes ter tolerado em vez de repudiado a colocação de uma mão no joelho. De modo que passou à fase de investigação. Agachou-se, passou os dedos pelo que estava no passeio, cheirou e apreciou:

  • Cheira a m..

Mas ainda não era suficiente para formular a conclusão definitiva. Pôs os dedos na boca e disse:

  • Sabe a m.,

e só então se sentiu suficientemente bem informado para formular uma conclusão definitiva:

  • É mesmo m., ainda bem que não pisei.

E a que propósito é que eu me recordei agora desta história de um transeunte que, à força de não se deixar levar pelas primeiras impressões, era um bocado lento de compreensão e continuava a não perceber nas segundas, que me contaram há décadas?

 

O meu companheiro de partido Rui Rio que acabou de ganhar as eleições directas e será nomeado presidente do partido no congresso de Fevereiro disse no primeiro debate da campanha eleitoral que ninguém pode dizer jamais a um governo de bloco central de coligação com os socialistas, por exemplo em circunstâncias excepcionais de emergência nacional, por exemplo, o pedido de resgate a que o percurso actual de aumentar despesa estrutural permanente impossível de reduzir, como a ampliação dos quadros da função pública ou o aumento dos salários e pensões, com base num pico de receita circunstancial proporcionado pelo ciclo económico que reverterá um dia, conduzirá inapelavelmente. Colocar a hipótese de co-habitar no governo com os socialistas actuais que impediram o PSD de governar depois de ter ganho as eleições, e é com os socialistas actuais liderados pelo António Costa que se pode colocar a hipótese de co-habitação, porque são os que há, é muito mau para quem se candidata à liderança de um partido que tem como objectivo maior regressar ao governo expulsando estes socialistas.

  • Parece m..

Mas toda a gente sabe que os debatentes e jornalistas mais experientes e maliciosos conseguem colocar na boca de debatentes menos experientes afirmações que, descontextualizadas e deformadas no sentido, parecem significar o que não era o seu significado original, de modo que o nosso transeunte não cedeu à tentação de tirar conclusões rápidas e, porventura, prematuras, desta afirmação talvez descuidada do Rui Rio. E o próprio Rui Rio esclareceu numa entrevista a jornalistas do Público e da Rádio Renascença poucos dias depois que admitia apoiar um governo minoritário do PS se o PS ganhasse as eleições de 2019. Governo minoritário do PS, leia-se, governo minoritário do António Costa, que não é previsível ser apeado do PS até às eleições de 2019. E justificou este apoio com uma questão de coerência: se o PSD acha que o PS do António Costa o devia ter deixado governar a seguir às eleições de 2015 que ganhou, também deverá deixar o PS do António Costa governar se ganhar as eleições de 2019. O argumento da corência é excelente no plano moral, mas de uma ingenuidade e de uma tonteria infinitas. Porque conduz ao resultado de, se o PS ganhar as eleições com maioria simples, conseguirá governar, se necessário for, com apoio do PSD. E se o PSD ganhar as eleições com maioria simples o PS também conseguirá governar, mas com o apoio dos partidos da esquerda radical. O que faz das eleições de 2019, não eleições para escolher quem governa, que fica já escolhido à partida, mas para escolher quem apoia o governo socialista, ou o PSD ou a esquerda radical.

  • Cheira a m..

Entretanto, e ainda antes das eleições, o próprio António Costa esclareceu que não está nada interessado em formar um governo com apoio do PSD, até porque não precisa, porque já tem o apoio da esquerda redical e está bem assim, aproveitando ainda para ridicularizar ambos os candidatos do PSD por andarem a discutir qual deles gosta mais dele, apesar de apenas um deles ser elegível para enfiar a carapuça da piadola, o que declarou estar disposto a deixá-lo governar sem maioria absoluta.

Mas o nosso transeunte ainda não estava suficientemente esclarecido, e foi a antiga presidente do PSD e apoiante mais notável do Rui Rio, Manuela Ferreira Leite, que veio definitivamente esclarecer o assunto já depois de conhecido o resultado das eleições: o PSD deve vender a alma ao diabo, leia-se, viabilizar um governo minoritário do António Costa, para pôr a esquerda na rua. Ou seja, não deve haver dúvidas que, a não ser que o PSD consiga uma maioria absoluta com o CDS nas eleições de 2019, será o PS do António Costa a governar, e o PSD deverá tentar convencê-lo de que o seu apoio será melhor do que o apoio do BE, ou do do BE e do PCP. O PSD deverá competir no campeonato da segunda divisão contra estes partidos menores. Esta boa intenção da Manuela Ferreira Leite, expressa com a sua conhecida capacidade de expressão, parece ignorar que pôr a esquerda na rua no contexto politico-partidário actual significa pôr o PS do António Costa na rua, que não se distingue em nada ideologicamente do BE nem do PCP, consoante os colaboradores mais próximos do António Costa que o controlam. O governo actual tem trabalhistas pró-CGTP, defensores da re-estruturação da dívida, e polícias dos costumes moralmente toleráveis. Não lhe fazem falta nem diferença bloquistas e comunistas encartados. Também não se percebe bem como é que o PSD pode ambicionar apoiar um governo do António Costa que não está interessado no seu apoio? Ou seja, regressando ao nosso transeunte,

  • Sabe a m..

O pior é que desta vez não tem por onde passar para evitar pisá-la, porque ela está por todo o lado. A não ser que lhe cresçam asas, vai chegar a casa com os sapatos a cheirar mal.

  • É mesmo m., que chatice vou sujar os sapatos..

E quem não percebeu à primeira pode continuar a fingir que não percebe, mas à força de acumular evidências continuar a não perceber passa por ser lento de compreensão.

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publicado por Manuel Vilarinho Pires às 09:44
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Domingo, 14 de Janeiro de 2018

O discurso da derrota

2018-01-13 Rui Rio Cova da Moura.jpg

Ontem fui derrotado, ou melhor, o candidato que eu apoiei, em quem votei e que queria que ganhasse, foi derrotado nas eleições internas do PSD.

Vou fechar este parêntesis de exposição da minha vida partidária no Gremlin Literário, que abri na sexta-feira, com o meu discurso da derrota, em que com humildade democrática pretendo homenagear os vitoriosos, e que sugiro que leiam mais nas linhas do que nas entrelinhas.

Dou os parabéns ao Rui Rio pela sua vitória nas eleições do PSD. Ele foi a escolha dos militantes do partido.

Registo do seu discurso da vitória que ele pretende re-unir o partido, e espero que ele e a sua equipa continuem a vasta obra que já têm conseguida nesse desígnio.

Registo que ele não vai admitir que o partido seja um clube de amigos nem uma agremiação de interesses individuais, e também espero que a equipa que o rodeia e levou à vitória honre o seu notável passado neste domínio.

Registo que pretende dar um banho de ética ao partido, e sei que está rodeado de referências que o ajudarão a dá-lo.

Ontem realizaram-se, para além das eleições para o presidente do partido e para os delegados ao congresso, as eleições para a comissão política da secção de Lisboa, em que a lista que o apoiava foi derrotada e afastada da liderança da secção. Espero que, em nome dos valores superiores da união do partido, consiga repescar estes notáveis apoiantes com provas dadas e comprovadas para as responsabilidades que eles merecem na estrutura de liderança do partido.

A acabo a desejar-lhe os maiores sucessos eleitorais, significando este voto a conquista do cargo de primeiro-ministro com uma vitória eleitoral por maioria absoluta, do partido sozinho ou com apoio parlamentar do CDS, já que o de segundo-ministro substituindo a esquerda parlamentar num apoio a um governo socialista minoritário parece pouco provável de conseguir, por manifesto desinteresse do primeiro-ministro socialista.

Viva o PSD, viva Portugal.

 

PS: Para que não haja qualquer dúvida, a visita guiada do candidato Rui Rio ao bairro da Cova da Moura na Amadora foi acompanhada pelo meu companheiro de secção do partido Jorge Humberto, apoiante de primeira hora deste candidato que aparece na fotografia a dar-lhe explicações sobre o bairro que conhece muito bem. E tudo o que conheço do trabalho dele, tanto político, como social, é de uma ética inatacável e não há aqui qualquer espécie de insinuação de qualquer associação dele aos factos que as notícias revelam sobre outros apoiantes do candidato, inclusivamente que também aparecem na fotografia.

 

 

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publicado por Manuel Vilarinho Pires às 16:03
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