Acreditemos que o exilado de Paris tem um passado impoluto e que vive a vida de um estudante boémio e curto de verbas, em que a boémia, por causa da idade, se encontra substituída por estudo e empenho.
Imaginemos que os Paulos Campos, os Mários Linos, os trânsfugas dos Governos para as empresas com as quais negociaram (nem todos do PS, hélas), têm um par de brancas asas que lhes brotou gracilmente das costas.
Suponhamos que todas as escandaleiras envolvendo suspeita de corrupção, malbaratação de fundos públicos, tráfico de influências, e abusos e atropelos sortidos, foram obra de uns meios de comunicação social sôfrega de atenção, servida por jornalistas medíocres, politicamente engagés, e tristemente carentes dos meios para fazer as penosas investigações que cada acusação reclamava e que, se efectuadas, trariam para a praça pública a gritante inocência dos envolvidos.
Sobra que o consulado socratista deixou em herança "a maior taxa de desemprego dos últimos 90 anos, a maior dívida pública dos últimos 160 anos, o pior crescimento económico dos últimos 90 anos, a pior dívida externa dos últimos 120 anos, a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos, a segunda pior taxa de emigração dos últimos 160 anos" (era o que escrevia um blogueiro que se deu ao trabalho de fazer as contas, pouco antes de se tornar ministro do actual Governo).
Para reverter este estado de coisas a actual maioria adoptou um caminho, parte imposto, parte escolhido. A parte imposta é renegada na prática, a benefício da popularidade, por quem principalmente a subscreveu mas não ficou com a responsabilidade de a aplicar. E a parte escolhida é discutível e discutida mesmo por quem, como eu, elegeu a actual maioria, ainda que com reserva mental.
Bem ou mal, porém, do que se trata é de reerguer uma casa em ruínas. E a solução, podendo vir de muitas maneiras, não vem certamente de lhe meter dentro as térmitas, os ratos e os habitantes tresloucados que a fizeram chegar onde está.
Porque a solução deles não é refazer os alicerces, substituir vigas podres, remendar o soalho, aparelhar para permitir, quando puder ser, a pintura.
Não. É comprar um carro novo - o vendedor adianta as primeiras prestações e faz um desconto, daí que seja um negócio recheadinho de imensas externalidades.
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