
Pelo que leio por aí, se um dia o lenocínio tiver sido legalizado pelo governo anterior e a prostituição tiver passado a poder ser exercida como uma actividade económica com enquadramente empresarial e fiscal, e não apenas como um biscate na economia paralela, qualquer pai que coloque as suas filhas, ou filhos para ser gender neutral, na vida não deverá ser alvo de censura social, porque apenas se limitará a aproveitar para fazer dentro da lei aquilo a que a lei o autorizará a fazer. Como se permissão constituísse obrigatoriedade. A culpa será do governo anterior.
Eu hoje de manhã já acordei imbuído do espírito da coisa, e aderi sem reservas ao fantástico movimento da Web Summit que vai mudar as nossas vidas, e para melhor.
Hoje trago-vos o Dr. António Mexia, presidente vitalício de grandes empresas monopolistas na área das energias e ocasional governante na área da construção civil e obras públicas que decidiu colocar a sua vasta experiência em start-ups, ou então a leitura de best-sellers de gestão, ao serviço dos empreendedores, sintetizando-a nos cinco seis conselhos de António Mexia para as start-ups, que eu não podia deixar de partilhar com os meus leitores empreendedores para ver se é desta que isto vai para a frente.
O sétimo é saber contar até seis.
E o oitavo é façam o que eu fiz, não façam o que eu digo, e permite conseguir arranjar emprego a gerir um monopólio, que the best of all monopoly profits is a quiet life, ainda por cima the best mas não the only, e as start-ups vistas de cima e de longe dão menos trabalho e ansiedades, e o afastamento da loucura do dia-a-dia dos pequeninos até ajuda os grandes a formularem bons conselhos, já o dizia o António Botto. A capacidade de flutuação ao longo das alterações de ciclo político ajuda. Mas mais não digo que, este conselho, ele não explica como é que se faz.
Portanto, empreendedores, armados destes cinco seis conselhos, fogo à peça e não me apareçam por cá antes de chegarem à presidência de um monopólio, onde aceitarei lugares não-executivos no Conselho de Administração ou, melhor ainda, no Conselho Superior. Não-executivos mas não à borla, if you know what i mean!
Agora que estamos aqui em privado a esta hora tardia, aproveito para vos fazer uma confissão: ainda não percebi bem para que serve a Web Summit.
Já percebi que é um evento, coisa para cujo acolhimento agora parece que estamos especialmente vocacionados, eventos e hotéis de charme para hospedar os participantes, onde toda a gente quer estar, de políticos a figuras do show-business e do desporto, de jornalistas a presidentes executivos, de investidores a empreendedores, de sectores tecnológicos mas também do retalho, construção, escritórios de advogados e agricultura. Andei a documentar-me. Uma coisa assim do tipo quem não vai fica apeado, como foi em tempos o TGV.
Já percebi que as entradas custam 700 euros mas também podem custar 5.100, ainda mais caro que ir ver os três tenores ao Pavilhão Atlântico, o que com 50 mil visitantes rende uma pipa de massa, e que há gente mortinha por arranjar uma e se traficam no mercado negro graças à iniciativa Inspire Portugal de os organizadores venderem, por sugestão do António Costa, 2.016 bilhetes por dia a 1% do preço a jovens realmente empreendedores que depois os revendem no Facebook a quem dá mais.
Já percebi que é uma conferência modernaça, com oradores de t-shirt ou camisola de gola alta a passear wireless pelo palco com microfone na orelha e tablet na mão, assim um bocado no estilo das missas da IURD ou dos concertos dos Rolling Stones.
Para que serve ao certo, e porque é que se paga tanto dinheiro pelas entradas é que não consigo perceber? Uma espécie de bilhetes para o céu levado à cena num teatro?
Mas mantenham alguma reserva sobre esta minha ignorância, que se os comunistas descobrem ainda vêm para aqui chamar-me cretino da direita ou, pior ainda, antiquado.
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