Há quase dois anos escrevi, sobre mais uma das patetices modernaças do edil Costa, isto. Mas era um post retórico, não acreditava verdadeiramente que se pudesse ser tão estúpido a ponto de levar a ideia avante: uma coisa é fazer toda uma carreira semeada de discursos ocos inspirados pelo mainstream da social-democracia afrancesada e pelos joguinhos de poder da elite socialista que comanda o País há décadas - a tal que deu três falências e, em Lisboa, uma quantidade infinita de buracos, lixo por toda a parte, caos no trânsito, edifícios em ruínas à espera de serem substituídos por prédios iguais aos de Nairobi ou Abidjan, e finanças cujo verdadeiro buraco será um dia apurado; e outra é fazer, fazer realmente, alguma coisa contra uma minoria que se desloca em carros velhos.
De um parente, residente na periferia e trabalhando na cidade, recebi o seguinte e-mail (que editei, suprimindo considerações que não subscrevo):
"Estou a ficar verde de raiva. Ainda há pouco paguei a inspecção do meu carrinho de 1993 (50 euros), paguei o seguro (300 euros), paguei o imposto de circulação (80 euros) — isto é, cerca de um salário mínimo nacional.
Não chega. Acabo de ser proibido de circular em Lisboa:
http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/sociedade/detalhe/lisboa_fica_sem_carros_velhos.html
Você, ó pobretanas, paga-nos os nossos pópós sem emissões nocivas para a sua saúde e ainda por cima é mal agradecido? Você não percebe que nós é que fomos eleitos?"
Se chegares lá onde queres, Costa, não te esqueças de proibir nas cercanias de Belém ou S. Bento gente andrajosa: poluem o ambiente. A menos que na tua corte de conselheiros haja um mais sensato que te lembre, e lhe dês ouvidos: chegar a Presidente da Câmara não é bem a mesma coisa que voos mais altos; os votos da classe média empobrecida podem ainda, talvez, ser comprados com a retórica da solidariedade e das promessas - mas com insultos não.
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