O raciocínio não está mal, se pusermos os óculos de algum cinismo: o Governo tem que casar o programa da troica com a Constituição, que contém uma parte do programa da Oposição; e como esta é impotente mas o Tribunal Constitucional não, a situação dos pensionistas e dos funcionários públicos tinha de ter uma solução.
Consistiu ela em tirar alguma coisa a todos (aumentar 0,25% no IVA e 0,20% no desconto para a Segurança Social), com a esperança de que isso não seja o bastante para alienar o eleitor hesitante; e atribuir esse bolo, a partir de 2015 e durante cinco anos, a um grupo específico (funcionários, reformados e pensionistas), com a esperança de recuperar uma parte dele, que já se havia bandeado para os braços do PS.
Não me atrevo a tentar prever se o ardil vai funcionar. Mas cabe perguntar, face à exiguidade dos números envolvidos e à neutralidade orçamental (se as contas e as previsões baterem certo, trata-se de utilizar aumentos de receita para aumentar a despesa):
A RTP já foi despachada? O número de municípios já foi reduzido? A Fundação Mário Soares, e todas as outras igualmente inúteis e parasitárias, já encontrou mecenas ou fechou as portas?
Pergunto porque assim a olho estas três reformas chegavam para cobrir a anulação de cortes, sem aumentar impostos.
Aumentar impostos devagarinho, a ver se a gente encolhe os ombros, pode até, com optimismo, funcionar eleitoralmente. Mas, ainda que se ganhem eleições ao PS, isso serve exactamente para quê, se o PS nem sequer precisa de estar no governo para que se lhe siga a política?
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