Pouco depois da tomada de posse do actual governo, alguns dos seus membros e apoiantes mais empenhados começaram a usar o slogan “para além da Troika”. Uma vez que o que queria (e quer) a Troika já me parecia bastante difícil achei o slogan de uma ousadia inaudita. Cedo percebi que era um slogan, de alguém perturbado por uma transição demasiado rápida da blogosfera para os cadeirões do poder.
Embora as reformas estruturais ficassem muito aquém da Troika e a reforma do Estado ficasse mais para o fim da Troika, houve uma área em que o governo tem ido sempre muito além da Troika. Trata-se de uma área genérica e difusa que decorre do empenho de vários ministros, e sobretudo de uma ministra, em construir uma sociedade socialista. Primeiro, acabando com tudo o que tivesse a ver com avaliação individual do mérito nas empresas públicas—seguindo a governação anterior—e depois, através de regulações, limitações e restrições várias e avulsas, sempre no sentido de reduzir a liberdade individual e a diversidade de escolha dos portugueses, sejam pessoas ou empresas. O zénite foi atingido na tentativa fruste de domesticar as escolhas de animais domésticos. O barulho foi muito e a proposta, ficando repentinamente orfã, talvez caia no esquecimento.
Os nossos políticos permanecem iguais a si próprios. Apostados em regular, condicionar, impedir, evitar, atrapalhar. A Troika há-de sair, mas a construção da nossa sociedade socialista prosseguirá. Com estes e com os que se lhe hão-de seguir.
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